quinta-feira, 13 de abril de 2023

001TVV - TRATADO PRÁTICO DOS VÍCIOS E DAS VIRTUDES - Notas e Prefácio

 



Estou estudando de forma profunda esse livro usando o método da lectio divina.

É um tratado de santidade.

Todos deveriam fazê-lo. E com urgência.

Acompanhe fielmente e faça a sua leitura, meditação, resumo e propostas concretas de pôr em prática tudo o que o próprio Senhor ensina nesse livro à sua filha Beata Maria Concepción.

Faça uma profunda lectio divina com cada capítulo. Só assim para meditar com fruto e forçar-se a pôr em prática as virtudes. 

Sem lectio é perda de tempo conhecer tais riquezas...


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Começo com as notas introdutórias do livro:


NOTA DO EDITOR

Os textos contidos no presente Tratado sobre as virtudes e os vícios foram extraídos de escritos inéditos da Serva de Deus Concepción Cabrera de Armida, ordenados de forma sistemática e impressos pelo padre Félix de Jesús Rougier em edição privada de 1921.

Esta reedição contém levíssimas correções que deixam o texto original sem alterações substanciais, tal qual saiu das mãos e do coração de ambos os servos de Deus.

Acrescentaram-se citações a fim de facilitar o acesso aos escritos originais.

México, D. F., janeiro de 1976.

 

IMPRIMATUR

Maximus, Episc. Derbensis Vic. Gen. - Aux. Archiep. Mexican Die 15 martii 1921

 

ADVERTENCIAS PRELIMINARES

1. Este livro foi escrito pela Serva de Deus Concepción Cabrera de Armida. A maior parte autora passou foi redigida no ano de 1900, durante os seis meses em que a à cabeceira da filha gravemente enferma, com as interrupções que se fizeram necessárias. Apenas alguns trechos são de anos anteriores. A sistematização do livro foi realizada integralmente pelo Servo de Deus Félix de Jesús Rougier, a partir dos escritos inéditos de Concepción Cabrera de Armida.

2. A redação do livro tem a forma de um ditado de Nosso Senhor, que se comunicou de diferentes maneiras à sua Serva, mas não como o ditado de um mestre para com seus alunos nem como o ditado de um advogado para com sua secretária. (Cfr. Ignacio Navarro, Itinerario espiritual, Apêndice 1,

3. Se, nos autores dos livros bíblicos que escrevem sob a inspiração do Espírito Santo, de cada um ficam impressos a personalidade, o temperamento, o ambiente, a cultura, a época e as demais influências a que estão sujeitos, com maior razão o instrumento humano deixa sua marca visível em qualquer outro tipo de escritos, ainda que de origem divina.

4. A linguagem da Serva de Deus não é a linguagem técnica dos teólogos, mas a linguagem simples, por vezes imprecisa, que usamos em nossa conversação cotidiana. Por exemplo, quando a autora diz: "pode se converter em vício ou até em pecado", certamente um teólogo diria a mesma coisa de uma outra maneira.

5. Conchita escreve com grande simplicidade, não como uma professora que ensina, mas como uma mãe que se dirige a seus filhos. E é dessa forma que deve ser lida, até porque, de fato, todas estas páginas tiveram como destinatários imediatos suas filhas do Oasis e os futuros Sacerdotes de la Cruz.

6. O objetivo destas páginas é ajudar a progredir na vida espiritual aquelas almas desejosas de caminhar seriamente rumo à perfeição, revelando as insidias, os disfarces e as táticas enganosas do inimigo. Ao mesmo tempo, mostrar os remédios mais apropriados para combater vícios, pecados e defeitos, e os meios mais eficazes para avançar nas virtudes.

À primeira vista, esse projeto parece-nos demasiado complexo em razão dos muitos detalhes que o compõem. Contudo, o duodécimo e último grupo de virtudes perfeitas permite-nos enxergar a unidade e a sobriedade da vida espiritual centrada na caridade e nas virtudes teologais. Todo o resto está direcionado a remover obstáculos no caminho do amor ou a oferecer meios que, à luz da fé na Cruz de Cristo, adquirem uma eficácia divina.

Para tanto não é de se estranhar a linguagem por vezes severa com que se condenam alguns vícios, pecados ou imperfeições, pois, na realidade, são obstáculos muito sérios ao progresso espiritual. Tomar estes conselhos de perfeição num sentido apenas jurídico ou moralista de lícito ou ilícito, seria uma falta de apreço pela doutrina aqui exposta e um erro grave, fonte possível de escrúpulos e desânimo. Trata-se aqui, na verdade, de um caminho extremamente rico em pormenores, sutilezas e finuras e que nos eleva à santidade.


 

PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

 

Tratado Prático dos Vícios e das Virtudes

Concepción Cabrera de Armida

 

O presente tratado foi escrito à três mãos (cf Advertências Preliminares): Nosso Senhor quem dita, Conchita que escreve e Pe. Félix que sistematiza conforme a teologia católica de sempre. E esse movimento é que, junto à causa canonisationis, que é um fato dogmático, faz perceber a autenticidade dos escritos e a veracidade dos dons místicos de Concepción Cabrera de Armida: em nada colidem entre si essas duas vias a da alma privilegiada e a da autoridade da Igreja, antes, elas se confirmam e se iluminam mutuamente.

Conchita, como era conhecida por todos, foi uma leiga mexicana e mãe de nove filhos. Nasceu em San Luis Potosí em 8 de dezembro de 1862 e morreu na Cidade do México em 3 de março de 1937. Além de esposa, mãe e viúva, fundou as Obras da Cruz, fruto, além dos pedidos de Nosso Senhor, de sua espiritualidade profundamente devotada aos sacerdotes. As obras da Cruz, que constam inclusive de congregações masculina e feminina, tem por fim rezar pelos sacerdotes e auxiliá-los de todas as formas possíveis.

Podemos dizer que esta é a razão mais profunda deste tratado: a santificação dos sacerdotes - mas não sem os leigos, como o próprio testemunho de Conchita deixa claro. E aqui é necessário remontar ao providencial encontro de Conchita com o Padre Félix Rougier (1859-1938). Tão marcante e determinante foi esse encontro que o confessionário onde ele ocorreu encontra-se conservado como relíquia. Dali por diante se fortalecerá uma amizade espiritual entre ele e Conchita, própria das almas chamadas à uma graça particular de santificação.

Padre Félix, um sacerdote que buscava a perfeição, ao encontrar-se com Conchita tem sua vida ainda mais elevada. E, além da fundação dos Missionários do Espírito Santo, terá o privilégio de organizar os escritos de Conchita, ditados por Nosso Senhor, de modo que fossem instrumento de formação para os noviços da nova congregação. Mas não podemos esquecer que isso é fruto de um encontro entre ambos, uma leiga e um sacerdote, ambos chamados a um alto grau de perfeição. Assim fica claro que o presente tratado, como será possível perceber também na sua leitura, não é destinado apenas aos sacerdotes, mas também aos leigos chamados à perfeição.

Os fundadores, em vista do carisma da paternidade espiritual, não têm outro desejo senão que seus filhos espirituais progridam na perfeição cristã, e essa é a razão dos escritos de Conchita para além do privilégio das graças místicas que ela abundantemente e extraordinariamente recebeu.

Pe. Félix teve a delicadeza de no Prólogo, dirigido aos noviços, elaborar uma excelente síntese sobre as virtudes tratadas por Conchita e dizer que ali estava um programa para o noviciado, programa este banhado no carisma da "ordem" da Cruz. Aliás, muitas das virtudes terão uma união perfeita e fonte no Mistério da Cruz. As virtudes, dirá o sacerdote, são as "riquezas da Cruz. A Cruz desmascara os vícios. É uma trincheira que Satanás jamais traspassa. De modo que relacionar as virtudes ao mistério da Cruz significa dizer que toda virtude tem sempre qualquer coisa de sacrifício, como que a dar-lhe o quilate, e elevá-la ao sobrenatural pela via da Paixão. A Cruz é o fio de ouro que traspassa todo este Tratado das Virtudes.

Aspectos que convém destacar acerca das virtudes e dos vícios

O Tratado não apenas explica o que seja cada virtude, mas a sua raiz e correlação com outras virtudes, mostra ainda suas consequências nesta vida e na outra. As virtudes estão agrupadas em famílias que também são chamadas constelações a fim de se entender melhor o quanto estão relacionadas, por isso, a primeira virtude de cada família, pode ser entendida como um astro em torno ao qual orbitam satélites. Isso mostra que uma virtude nunca está ou se desenvolve sozinha. Algumas inclusive se entrelaçam tão fortemente que só podem ser distinguidas por um ou outro detalhe.

O mesmo é possível constatar a respeito dos vícios, cujas famílias ou constelações antagônicas são postas após a descrição das respectivas virtudes: suas raízes, desenvolvimento e consequências, a que virtudes se opõem bem como o remédio para saná-los. Conchita não se detém às consequências dos vícios nesta vida, que já são terríveis, mas anuncia as consequências na outra vida. Cito apenas como exemplo o castigo denominado especial" para um vício tão comum nos dias atuais que é o respeito humano. Disse Nosso Senhor:

"Tenho um castigo especial para o respeito humano. Satanás lança num fogo voraz as almas que no mundo arrebatou dos Meus braços, fazendo com que, afastando-as do Meu Coração, se envergonhassem de Mim, começando pelo respeito humano até chegarem ao ódio e à malícia extrema contra Mim (p.95).

A precisão de Conchita, como não seria menos, é cirúrgica em relação ao modo como se manifestam as virtudes e vícios, no modo como se relacionam e ao ponto que podem chegar. Há virtudes (assim como vícios) ligados distintamente à alma e ao corpo como é o caso das virtudes da pobreza e da mortificação, elas encontram ressonância interior e exterior.

Há virtudes mais refinadas, são as que ela denomina espirituais. O termo "espiritual" é utilizado ao lado de uma virtude ou vício para fazer notar uma sua sutileza ou cristalização, sendo que no caso da virtude espiritual", será sempre mais enraizada e elevada, e já referente ao vício "espiritual", apesar de também, ao seu modo, enraizado, será sutil e dissimulado, aninhado e escondido.

Aos vícios, portanto, ela desmascara todas as artimanhas possíveis de sua introdução numa alma começando da psicologia diabólica: Satanás, diz ela, colore os vícios "menores" ou mais discretos para levar a outros maiores e escandalosos. Conchita descreve várias vezes o ciclo vicioso que se forma entre o vício, o corpo e a alma. E mesmo agindo nas potências inferiores da alma, o Diabo visa, através do vício, o espiritual, não só por ser ele uma criatura espiritual, mas porque é o que mais glória a Deus dá, quando está devidamente ordenado a Ele. Por isso o vício é um engano de si mesmo em relação à realidade e a Deus.

Perigosíssimos, alguns vícios chegam até mesmo a formar o que ela chama de segunda natureza, isto é, infectam todas as operações como se lhes fossem conaturais. Por isso há vícios que precisam do auxílio da graça não só para serem desaninhados e vencidos, mas inclusive, descobertos; há vícios que perdurarão até o fim, como a vaidade que perseguirá o homem "até o túmulo” (p. 102). Em ambos os casos, requer-se auxílio especial da graça para vencer ou combater até o fim. Serão justamente as virtudes descritas por Nosso Senhor a pôr luz e contrastar toda psicologia maliciosa por detrás dos vícios, e colocar à disposição do homem chamado à perfeição um arsenal de graças seja para a vitória que para o combate até o fim.

É impressionante notar a ordem pedagógica com a qual as famílias de virtudes e de vícios aparecem dispostas. Primeiro as de sacrifício, como que a dizer que não há virtude sem sacrifício assim como a destruição dos vícios exige sacrifício. Já as de humildade vão encontrar seu brilho no Mistério da Encarnação, com o qual, apesar do chamamento à Cruz, Conchita teve uma estreita relação. E o que é a Encarnação senão o caminho da Cruz! É a Encarnação que dá o quilate da família da humildade, cujas virtudes que são divinizadas ao unirem-se no Coração do Verbo Encarnado. Nessas virtudes o sobrenatural chega a parecer natural quando trata-se de um grau eminente sublime de virtude. E assim sucessivamente para cada família como que a construir um edifício sólido e robusto para as virtudes e podar ou cortar pela raiz os vícios.

O impacto da leitura deste Tratado na vida

Ao elevar seus filhos a honra dos altares a Igreja está dizendo que não são mais patrimônio particular desta ou daquela família, apesar de serem a sua herança, mas passam a ser uma riqueza a qual podem e devem ter acesso todos os fiéis. Assim sendo o Tratado das Virtudes torna-se um tesouro inestimável a todos os que dele quiserem se enriquecer na batalha contra os vícios e no desenvolvimento das virtudes. Por isso gostaria de dizer algumas coisas importantes dado belíssimo trabalho da editora Katechesis ao colocar em todas as mãos possíveis uma obra como esta:

1. Trata-se de uma leitura indispensável aos que se sentem chamados à perfeição cristã. Conchita escreve para quem deseja estreita vida de perfeição e se lançar em tal progresso, não obstante a marca da Cruz, isto é, dos sacrifícios e dificuldades. A leitura deste Tratado é, portanto, um chamado de Deus, um dom da graça. E o leitor esteja preparado para uma verdadeira "tomografia" do seu estado de alma e da vida passada assim como para um verdadeiro derramamento de luzes para a vida futura.

2. Este Tratado é uma abundante despensa para a meditação quotidiana. O número 12 no qual se agrupam as famílias de virtudes é ainda mais sugestivo, dado que pode se estabelecer a leitura, a meditação e o estudo de cada família para cada mês do ano. O que é facilitado pelos quadros das famílias de virtudes e vícios conforme cada capítulo. Da meditação, Conchita escreve ser: o para raio do pecado, princípio para ordenar a vida e defesa dos ataques do Inimigo. E unida à oração, a meditação se torna uma torrente de bênçãos, pois quem não para de rezar não para de receber graças. Eis o caminho da contemplação mística.

3. Um instrumento formidável para a educação para as virtudes. Sacerdotes, religiosos e leigos, casados ou celibatários, educadores (pais, catequistas, professores) tem ao seu dispor um formidável arsenal para educar-se nas virtudes e educar a outros nesse caminho tão indispensável e para o qual fomos criados, pois o fim mais excelente da educação da vontade é a sua identificação.com a vontade divina.

4. Um excelente exame de consciência. O progresso nas virtudes não está apenas em amar o bem, mas em odiar ao mal. A virtude precisa ser conhecida para ser amada, assim como o vício precisa ser manifesto na sua malícia para ser odiado e combatido. Ora, uma leitura atenta e meditativa deste Tratado, além de dar um conhecimento das virtudes e dos vícios, pode tornar-se num minucioso exame de consciência seja para auxiliar no Sacramento da Reconciliação, seja para a direção espiritual. E, como não poderia deixar de ser, também servirá para a análise das graças de Deus, pois já o fato de sentir-se chamado a uma vida mais perfeita não pode ser outra coisa senão um manancial de graças dispostas por Deus a fim de ajudar a alma que assim deseja. Este tratado será uma "tomografia" da alma ao que dele souber dispor.

5. Um instrumento que não pode prescindir da graça. A graça tem papel primordial no progresso das virtudes e no quebrantamento dos vícios. Por isso, à medida que a leitura avança é muito importante que ela se transforme em oração, vida sacramental e propósitos.

Por fim, mas não menos importante, e sim como um coroamento, o leitor notará que a Santíssima Virgem estará presente tanto nas virtudes mais simples quanto nas mais elevadas. Isto significa que Ela está no começo e no fim, isto é, com os iniciantes e os avançados. Ambas as categorias de almas precisam dEla, porque Nossa Senhora não só possui todas as virtudes em elevadíssimo grau, mas as tem para distribuí-las e ornar seus devotos. E Nossa Senhora as quer distribuir. Mas é necessário pedir!

Certamente as disposições de alma que forem surgindo durante a leitura deste Tratado e que forem sendo transformadas em pedidos à Virgem Santíssima, e falo com toda segurança: as letras desse Tratado, das folhas de papel serão impressas nas almas que assim o fizerem: lendo e rezando, rezando e lendo. E foi justamente para esse fim Nosso Senhor ditou, que a Beata Conchita escreveu e o Venerável Pe. Félix organizou este belíssimo Tratado. E que agora a Editora Katechesis, por sua vez, faz chegar até o leitor de língua portuguesa.

Deus abençoe sua leitura e o faça progredir nas virtudes cada vez mais!

Pe. Alexandre L. Alessio, CR

Março de 2021.





Amanhã publico a continuação...

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