Estou estudando de forma profunda esse livro usando o método da lectio divina.
É um tratado de santidade.
Todos deveriam fazê-lo. E com urgência.
Acompanhe fielmente e faça a sua leitura, meditação, resumo e propostas concretas de pôr em prática tudo o que o próprio Senhor ensina nesse livro à sua filha Beata Maria Concepción.
Faça uma profunda lectio divina com cada capítulo. Só assim para meditar com fruto e forçar-se a pôr em prática as virtudes.
Sem lectio é perda de tempo conhecer tais riquezas...
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Começo com as notas introdutórias do livro:
NOTA DO EDITOR
Os textos contidos no presente Tratado sobre as virtudes e
os vícios foram extraídos de escritos inéditos da Serva de Deus Concepción
Cabrera de Armida, ordenados de forma sistemática e impressos pelo padre Félix
de Jesús Rougier em edição privada de 1921.
Esta reedição contém levíssimas correções que deixam o texto
original sem alterações substanciais, tal qual saiu das mãos e do coração de
ambos os servos de Deus.
Acrescentaram-se citações a fim de facilitar o acesso aos
escritos originais.
México, D. F., janeiro de 1976.
IMPRIMATUR
Maximus, Episc. Derbensis Vic. Gen. - Aux. Archiep. Mexican
Die 15 martii 1921
ADVERTENCIAS PRELIMINARES
1. Este livro foi escrito pela Serva de Deus Concepción
Cabrera de Armida. A maior parte autora passou foi redigida no ano de 1900,
durante os seis meses em que a à cabeceira da filha gravemente enferma, com as
interrupções que se fizeram necessárias. Apenas alguns trechos são de anos
anteriores. A sistematização do livro foi realizada integralmente pelo Servo de
Deus Félix de Jesús Rougier, a partir dos escritos inéditos de Concepción
Cabrera de Armida.
2. A redação do livro tem a forma de um ditado de Nosso
Senhor, que se comunicou de diferentes maneiras à sua Serva, mas não como o
ditado de um mestre para com seus alunos nem como o ditado de um advogado para
com sua secretária. (Cfr. Ignacio Navarro, Itinerario espiritual, Apêndice 1,
3. Se, nos autores dos livros bíblicos que escrevem sob a
inspiração do Espírito Santo, de cada um ficam impressos a personalidade, o
temperamento, o ambiente, a cultura, a época e as demais influências a que
estão sujeitos, com maior razão o instrumento humano deixa sua marca visível em
qualquer outro tipo de escritos, ainda que de origem divina.
4. A linguagem da Serva de Deus não é a linguagem técnica
dos teólogos, mas a linguagem simples, por vezes imprecisa, que usamos em nossa
conversação cotidiana. Por exemplo, quando a autora diz: "pode se
converter em vício ou até em pecado", certamente um teólogo diria a mesma
coisa de uma outra maneira.
5. Conchita escreve com grande simplicidade, não como uma
professora que ensina, mas como uma mãe que se dirige a seus filhos. E é dessa
forma que deve ser lida, até porque, de fato, todas estas páginas tiveram como
destinatários imediatos suas filhas do Oasis e os futuros Sacerdotes de la
Cruz.
6. O objetivo destas páginas é ajudar a progredir na vida
espiritual aquelas almas desejosas de caminhar seriamente rumo à perfeição,
revelando as insidias, os disfarces e as táticas enganosas do inimigo. Ao mesmo
tempo, mostrar os remédios mais apropriados para combater vícios, pecados e
defeitos, e os meios mais eficazes para avançar nas virtudes.
À primeira vista, esse projeto parece-nos demasiado complexo
em razão dos muitos detalhes que o compõem. Contudo, o duodécimo e último grupo
de virtudes perfeitas permite-nos enxergar a unidade e a sobriedade da vida
espiritual centrada na caridade e nas virtudes teologais. Todo o resto está
direcionado a remover obstáculos no caminho do amor ou a oferecer meios que, à
luz da fé na Cruz de Cristo, adquirem uma eficácia divina.
Para tanto não é de se estranhar a linguagem por vezes
severa com que se condenam alguns vícios, pecados ou imperfeições, pois, na
realidade, são obstáculos muito sérios ao progresso espiritual. Tomar estes
conselhos de perfeição num sentido apenas jurídico ou moralista de lícito ou
ilícito, seria uma falta de apreço pela doutrina aqui exposta e um erro grave,
fonte possível de escrúpulos e desânimo. Trata-se aqui, na verdade, de um
caminho extremamente rico em pormenores, sutilezas e finuras e que nos eleva à
santidade.
PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA
Tratado Prático dos Vícios e das Virtudes
Concepción Cabrera de Armida
O presente tratado foi escrito à três mãos (cf Advertências
Preliminares): Nosso Senhor quem dita, Conchita que escreve e Pe. Félix que
sistematiza conforme a teologia católica de sempre. E esse movimento é que,
junto à causa canonisationis, que é
um fato dogmático, faz perceber a autenticidade dos escritos e a veracidade dos
dons místicos de Concepción Cabrera de Armida: em nada colidem entre si essas
duas vias a da alma privilegiada e a da autoridade da Igreja, antes, elas se
confirmam e se iluminam mutuamente.
Conchita, como era conhecida por todos, foi uma leiga
mexicana e mãe de nove filhos. Nasceu em San Luis Potosí em 8 de dezembro de
1862 e morreu na Cidade do México em 3 de março de 1937. Além de esposa, mãe e
viúva, fundou as Obras da Cruz, fruto, além dos pedidos de Nosso Senhor, de sua
espiritualidade profundamente devotada aos sacerdotes. As obras da Cruz, que
constam inclusive de congregações masculina e feminina, tem por fim rezar pelos
sacerdotes e auxiliá-los de todas as formas possíveis.
Podemos dizer que esta é a razão mais profunda deste
tratado: a santificação dos sacerdotes - mas não sem os leigos, como o próprio
testemunho de Conchita deixa claro. E aqui é necessário remontar ao
providencial encontro de Conchita com o Padre Félix Rougier (1859-1938). Tão
marcante e determinante foi esse encontro que o confessionário onde ele ocorreu
encontra-se conservado como relíquia. Dali por diante se fortalecerá uma
amizade espiritual entre ele e Conchita, própria das almas chamadas à uma graça
particular de santificação.
Padre Félix, um sacerdote que buscava a perfeição, ao
encontrar-se com Conchita tem sua vida ainda mais elevada. E, além da fundação
dos Missionários do Espírito Santo, terá o privilégio de organizar os escritos
de Conchita, ditados por Nosso Senhor, de modo que fossem instrumento de formação
para os noviços da nova congregação. Mas não podemos esquecer que isso é fruto
de um encontro entre ambos, uma leiga e um sacerdote, ambos chamados a um alto
grau de perfeição. Assim fica claro que o presente tratado, como será possível
perceber também na sua leitura, não é destinado apenas aos sacerdotes, mas
também aos leigos chamados à perfeição.
Os fundadores, em vista do carisma da paternidade
espiritual, não têm outro desejo senão que seus filhos espirituais progridam na
perfeição cristã, e essa é a razão dos escritos de Conchita para além do
privilégio das graças místicas que ela abundantemente e extraordinariamente
recebeu.
Pe. Félix teve a delicadeza de no Prólogo, dirigido aos
noviços, elaborar uma excelente síntese sobre as virtudes tratadas por Conchita
e dizer que ali estava um programa para o noviciado, programa este banhado no
carisma da "ordem" da Cruz. Aliás, muitas das virtudes terão uma
união perfeita e fonte no Mistério da Cruz. As virtudes, dirá o sacerdote, são
as "riquezas da Cruz. A Cruz desmascara os vícios. É uma trincheira que
Satanás jamais traspassa. De modo que relacionar as virtudes ao mistério da
Cruz significa dizer que toda virtude tem sempre qualquer coisa de sacrifício,
como que a dar-lhe o quilate, e elevá-la ao sobrenatural pela via da Paixão. A
Cruz é o fio de ouro que traspassa todo este Tratado das Virtudes.
Aspectos que convém destacar acerca das virtudes e dos vícios
O Tratado não apenas explica o que seja cada virtude, mas a
sua raiz e correlação com outras virtudes, mostra ainda suas consequências
nesta vida e na outra. As virtudes estão agrupadas em famílias que também são
chamadas constelações a fim de se entender melhor o quanto estão relacionadas,
por isso, a primeira virtude de cada família, pode ser entendida como um astro
em torno ao qual orbitam satélites. Isso mostra que uma virtude nunca está ou
se desenvolve sozinha. Algumas inclusive se entrelaçam tão fortemente que só
podem ser distinguidas por um ou outro detalhe.
O mesmo é possível constatar a respeito dos vícios, cujas
famílias ou constelações antagônicas são postas após a descrição das
respectivas virtudes: suas raízes, desenvolvimento e consequências, a que
virtudes se opõem bem como o remédio para saná-los. Conchita não se detém às
consequências dos vícios nesta vida, que já são terríveis, mas anuncia as
consequências na outra vida. Cito apenas como exemplo o castigo denominado
especial" para um vício tão comum nos dias atuais que é o respeito humano.
Disse Nosso Senhor:
"Tenho um castigo especial para o respeito humano.
Satanás lança num fogo voraz as almas que no mundo arrebatou dos Meus braços,
fazendo com que, afastando-as do Meu Coração, se envergonhassem de Mim,
começando pelo respeito humano até chegarem ao ódio e à malícia extrema contra
Mim (p.95).
A precisão de Conchita, como não seria menos, é cirúrgica em
relação ao modo como se manifestam as virtudes e vícios, no modo como se
relacionam e ao ponto que podem chegar. Há virtudes (assim como vícios) ligados
distintamente à alma e ao corpo como é o caso das virtudes da pobreza e da
mortificação, elas encontram ressonância interior e exterior.
Há virtudes mais refinadas, são as que ela denomina
espirituais. O termo "espiritual" é utilizado ao lado de uma virtude
ou vício para fazer notar uma sua sutileza ou cristalização, sendo que no caso
da virtude espiritual", será sempre mais enraizada e elevada, e já
referente ao vício "espiritual", apesar de também, ao seu modo,
enraizado, será sutil e dissimulado, aninhado e escondido.
Aos vícios, portanto, ela desmascara todas as artimanhas
possíveis de sua introdução numa alma começando da psicologia diabólica:
Satanás, diz ela, colore os vícios "menores" ou mais discretos para
levar a outros maiores e escandalosos. Conchita descreve várias vezes o ciclo
vicioso que se forma entre o vício, o corpo e a alma. E mesmo agindo nas
potências inferiores da alma, o Diabo visa, através do vício, o espiritual, não
só por ser ele uma criatura espiritual, mas porque é o que mais glória a Deus
dá, quando está devidamente ordenado a Ele. Por isso o vício é um engano de si
mesmo em relação à realidade e a Deus.
Perigosíssimos, alguns vícios chegam até mesmo a formar o
que ela chama de segunda natureza, isto é, infectam todas as operações como se
lhes fossem conaturais. Por isso há vícios que precisam do auxílio da graça não
só para serem desaninhados e vencidos, mas inclusive, descobertos; há vícios
que perdurarão até o fim, como a vaidade que perseguirá o homem "até o
túmulo” (p. 102). Em ambos os casos, requer-se auxílio especial da graça para
vencer ou combater até o fim. Serão justamente as virtudes descritas por Nosso
Senhor a pôr luz e contrastar toda psicologia maliciosa por detrás dos vícios,
e colocar à disposição do homem chamado à perfeição um arsenal de graças seja
para a vitória que para o combate até o fim.
É impressionante notar a ordem pedagógica com a qual as
famílias de virtudes e de vícios aparecem dispostas. Primeiro as de sacrifício,
como que a dizer que não há virtude sem sacrifício assim como a destruição dos
vícios exige sacrifício. Já as de humildade vão encontrar seu brilho no
Mistério da Encarnação, com o qual, apesar do chamamento à Cruz, Conchita teve
uma estreita relação. E o que é a Encarnação senão o caminho da Cruz! É a
Encarnação que dá o quilate da família da humildade, cujas virtudes que são
divinizadas ao unirem-se no Coração do Verbo Encarnado. Nessas virtudes o
sobrenatural chega a parecer natural quando trata-se de um grau eminente
sublime de virtude. E assim sucessivamente para cada família como que a
construir um edifício sólido e robusto para as virtudes e podar ou cortar pela
raiz os vícios.
O impacto da leitura deste Tratado na vida
Ao elevar seus filhos a honra dos altares a Igreja está
dizendo que não são mais patrimônio particular desta ou daquela família, apesar
de serem a sua herança, mas passam a ser uma riqueza a qual podem e devem ter
acesso todos os fiéis. Assim sendo o Tratado das Virtudes torna-se um tesouro
inestimável a todos os que dele quiserem se enriquecer na batalha contra os vícios
e no desenvolvimento das virtudes. Por isso gostaria de dizer algumas coisas
importantes dado belíssimo trabalho da editora Katechesis ao colocar em todas
as mãos possíveis uma obra como esta:
1. Trata-se de uma leitura indispensável aos que se sentem
chamados à perfeição cristã. Conchita escreve para quem deseja estreita vida de
perfeição e se lançar em tal progresso, não obstante a marca da Cruz, isto é,
dos sacrifícios e dificuldades. A leitura deste Tratado é, portanto, um chamado
de Deus, um dom da graça. E o leitor esteja preparado para uma verdadeira
"tomografia" do seu estado de alma e da vida passada assim como para
um verdadeiro derramamento de luzes para a vida futura.
2. Este Tratado é uma abundante despensa para a meditação quotidiana.
O número 12 no qual se agrupam as famílias de virtudes é ainda mais sugestivo,
dado que pode se estabelecer a leitura, a meditação e o estudo de cada família
para cada mês do ano. O que é facilitado pelos quadros das famílias de virtudes
e vícios conforme cada capítulo. Da meditação, Conchita escreve ser: o para
raio do pecado, princípio para ordenar a vida e defesa dos ataques do Inimigo.
E unida à oração, a meditação se torna uma torrente de bênçãos, pois quem não
para de rezar não para de receber graças. Eis o caminho da contemplação
mística.
3. Um instrumento formidável para a educação para as
virtudes. Sacerdotes, religiosos e leigos, casados ou celibatários, educadores
(pais, catequistas, professores) tem ao seu dispor um formidável arsenal para
educar-se nas virtudes e educar a outros nesse caminho tão indispensável e para
o qual fomos criados, pois o fim mais excelente da educação da vontade é a sua
identificação.com a vontade divina.
4. Um excelente exame de consciência. O progresso nas virtudes
não está apenas em amar o bem, mas em odiar ao mal. A virtude precisa ser
conhecida para ser amada, assim como o vício precisa ser manifesto na sua
malícia para ser odiado e combatido. Ora, uma leitura atenta e meditativa deste
Tratado, além de dar um conhecimento das virtudes e dos vícios, pode tornar-se
num minucioso exame de consciência seja para auxiliar no Sacramento da
Reconciliação, seja para a direção espiritual. E, como não poderia deixar de
ser, também servirá para a análise das graças de Deus, pois já o fato de
sentir-se chamado a uma vida mais perfeita não pode ser outra coisa senão um
manancial de graças dispostas por Deus a fim de ajudar a alma que assim deseja.
Este tratado será uma "tomografia" da alma ao que dele souber dispor.
5. Um instrumento que não pode prescindir da graça. A graça
tem papel primordial no progresso das virtudes e no quebrantamento dos vícios.
Por isso, à medida que a leitura avança é muito importante que ela se
transforme em oração, vida sacramental e propósitos.
Por fim, mas não menos importante, e sim como um coroamento,
o leitor notará que a Santíssima Virgem estará presente tanto nas virtudes mais
simples quanto nas mais elevadas. Isto significa que Ela está no começo e no
fim, isto é, com os iniciantes e os avançados. Ambas as categorias de almas
precisam dEla, porque Nossa Senhora não só possui todas as virtudes em
elevadíssimo grau, mas as tem para distribuí-las e ornar seus devotos. E Nossa
Senhora as quer distribuir. Mas é necessário pedir!
Certamente as disposições de alma que forem surgindo durante
a leitura deste Tratado e que forem sendo transformadas em pedidos à Virgem
Santíssima, e falo com toda segurança: as letras desse Tratado, das folhas de
papel serão impressas nas almas que assim o fizerem: lendo e rezando, rezando e
lendo. E foi justamente para esse fim Nosso Senhor ditou, que a Beata Conchita
escreveu e o Venerável Pe. Félix organizou este belíssimo Tratado. E que agora
a Editora Katechesis, por sua vez, faz chegar até o leitor de língua portuguesa.
Deus abençoe sua leitura e o faça progredir nas virtudes
cada vez mais!
Pe. Alexandre L.
Alessio, CR
Março de 2021.
Amanhã publico a continuação...
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